Wednesday, May 28, 2008

Neutrão


Ando a ler a Breve História de Quase Tudo, do Bill Bryson. Já tinha lido outra vez, mas quando falo de ciências é como se os meus neurónios se transformassem em ranho, ou qualquer outra mucosidade inútil, e nada parece fazer grande sentido. Vou na parte dos átomos, partículas e quarks. Na parte em que Einstein se recusou a aceitar que há leis para o universo e leis distintas para o mundo do infinitamente pequeno. Sendo uma gaja de humanidades, acabo por filosofar sobre as realidades do mundo natural. Ao ler sobre o papel dos neutrões - a carga neutra - não consigo evitar fazer relações sobre os neutrões da vida real.

Bom, para começar, não acredito muito em neutrões. Nos da vida real (os outros também nunca os vi, mas tenho uma fé imensa na sua existência). Bom, há os indiferentes. Esses são uma espécie de neutrões, mas não contam, porque a sua neutralidade não é uma escolha - não se importam. O mal (o bom, se não a vida era uma seca) é quando não somos indiferentes. Temos opiniões, sentimentos, vivemos as coisas, mudamos as coisas, relativizamos (no sentido Einsteiniano). Eu faço isso com quase tudo. Tenho dificuldades em lembrar-me de uma circunstância em que tenha sido neutrão. Indiferente.

E, como boa umbiguista, não concebo, não acredito, em quem diz ser neutro. Quem diz que não avalia, não julga ou, muito simplesmente, segue uma intuição. Mas assumam. Saiam da casca e deixem-se de merdas. Mil vezes criticarem-me violentamente do que atirarem-me poeira para os olhos. Só pode fazer de Suíça quem abdica verdadeiramente de juízos de valor. Fazer de Suíça só para não ter chatices, acaba por ser uma hipocrisia e acaba por ser desleal para ambos os lados da barricada.

É que os neutrões, descobriu-se, são capazes de desequilibrar um átomo. Por completo.

Eu vou!




Monday, May 26, 2008

Rollin'

Not sure if you mind if I dance with you
but I don't think right now that you care about anything at all
And oh, if only there were clothes on the floor
I'd feel for certain I was bedroom dancing
And it's all flailing limbs at the front line
Every single one of us is twisted by design
And dispatches from the back of my mind
Say as long as we're here everything is alright

If there's one thing that I could never confess
It's that I can't dance a single step

It's you!
It's me!
And there's dancing!


Los Campesinos, You! Me! Dancing!

iPod

O meu iPod tripou, teve ataques epilépticos e parecia morto. Reset. Nenhuma das músicas antigas. Nada. Só coisas novas. E funciona novamente como se nada se tivesse passado. Gostava de ser como o meu iPod.

Ressacas

Pior do que acordar a sentir-me estúpida é esse sentimento prolongar-se ao longo do dia. Ao longo dos dias.

Sunday, May 25, 2008

Sobre a divisão do Mundo

Sempre achei que o Mundo se dividia entre os que fazem uma grande javardeira a lavar os dentes (tipo eu) e os que conseguem manter a dignidade enquanto levam a cabo esta tarefa de higiéne. Apercebo-me agora que o Mundo se divide entre os que bochecham com água antes de lavar os dentes (tipo eu) - fazendo com que a pasta se torne mais líquida e por isso escorregue e se espalhe pelo pijama e metade da casa de banho - e os que lavam a seco - mantendo a pasta com uma consistência mais grossa e, por isso, menos dada a javardeiras.

Friday, May 23, 2008

10 anos

Parece tudo igual e parece que tudo mudou.

Histórias de Amor

As histórias de amor não acabam com o beijo da Cinderela e do Príncipe. Nem com um "...e viveram felizes para sempre". As histórias de amor acabam com um bilhetinho onde reafirmamos a adoração por um sorriso, 50 e tal anos depois de nos termos casado. Quando nós próprios temos mais de 80 anos. E imediatamente antes de morrermos.

Wednesday, May 21, 2008

Friendship

Thoreau disse que a amizade tem uma linguagem sem palavras, feita de significados. É tão verdades. E também é verdade que a maioria das pessoas se esquece ou ignora os significados e fica presa nas palavras.

Sunday, May 18, 2008

6 days

Por 6 dias voltei ao meu quarto. Aos livros que deixei para trás e que agora me olham de lado das prateleiras onde foram reorganizados pela minha super organizada irmã (que destruiu o meu sistema biográfico de organização literária). Encontrei-os meus como dantes e até folheei alguns. Estão cá as alices vieiras todas, júlio dinis, eça, os diários de um adolescente com a mania da saúde, os somerset maugham que me lembram uma altura que graças a deus já passou. Estão também os livros de história onde, em rabiscos, encontro diários da minha adolescência. Achei que me ia deprimir ou assim. Ou ser invadida por uma onda de melancolia. Mas às vezes é bom apenas olhas para trás e seguir em frente. E por mais saudades que tivesse da minha antiga cama, que tinha, a que tenho agora é muito maior.

Thursday, May 15, 2008

I don't wanna grow up

Seems like folks turn into things
That they'd never want
The only thing to live for is today
I'm gonna put a hole in my T.V. set
I don't wanna grow up
Open up the medicine chest
And I don't wanna grow up
I don't wanna have to shout it out
I don't wanna be filled with doubt
I don't wanna be a good boy scout
I don't wannt have to learn to count
I don't wanna have the biggest amount
I don't wanna grow up

Scarlett Johansson, I don't wanna grow up

Wednesday, May 14, 2008

See you later, calculator

é uma frase que o Henry diz à Uggly Betty. É pirosa, mas achei-a querida (o que dizer da minha sanidade mental quando estou a ver a a Uggly Betty??).

Se me aparecesse no telemóvel, tinha um ataque de vómitos.

Um ano e tal depois

Deixei de ser biónica. Umas horas na sala de operações (sem anestesista sádico e desta vez um com sentido de humor) e já está, não tenho placas nem parafusos. Não sei como me vou habituar a ser igual a toda a gente outra vez, tinha-me habituado à altivez do vocês-não-sabem-o-que-é-ter-placas-na-perna...

É estranho apertar a perna e só sentir pele e nada de metal (não que tenha apertado muito, por causa dos pontos).

Bom, é o fim de uma Era.

Suspiro.

Friday, May 09, 2008

6 Palavras

Se não trashar, não sou eu.

Aguardo as vossas definições, em 6 palavras, nos comments.

Segunda-feira

Segunda-feira tiro os ferros (parafusos e assim) que há pouco mais de um ano carrego na perna.
Segunda-feira vou levar mais uma epidural.
Segunda-feira espero que me drunfem como nunca drunfaram ninguém antes.
Segunda-feira deixo de ser biónica.
Segunda-feira acaba-se um ciclo em que andei de gesso, coxa, de tornozelo inchado, em que fiz fisioterapia.

Nunca mais é terça.

FYI

Não gosto de escolhas. Mesmo. Sou má a fazê-las e aguentar-me-ia eternamente em limbos se o pudesse fazer. Mas não posso. Escolho e sigo em frente, com aquela delicadeza de elefante-em-loja-de-porcelana que tanto me caracteriza. Mas assumo as escolhas. E quando as escolhas envolvem ou afectam aqueles de quem gosto (ou gostei) arranjo maneira de os informar - muitas vezes de forma tosca e menos eficaz, podia ter evitado gritarias e discussões se fosse mais diplomática.

Custa-me ter de depreender escolhas pelos actos dos outros. Há coisas que me magoam. Não é porque não choro, me queixo ou faço fitas que não me magoam. Sobretudo quando é imerecido e do outro lado vejo apenas estupidez. É que o que dói, cura-se. A desilusão menos.

Thursday, May 08, 2008

Post It alongado

Para a minh'alma gémea,

Gostava de ter uma roulotte, mas uma fixe e não o trambolho que aí puseste. Tenho fobia a parques de campismo e a qualquer sítio onde tenha de dormir sem antes fazer xixi e lavar os dentes no mesmo sítio onde milhares de pessoas o estão também a fazer. Com roulotte é diferente.

Gosto dos crocs porque têm cores e são confortáveis e sou pessoa que vai deixar de ser biónica. É o equivalente aos sapatos de camurça da minha infância - são feios, confortáveis e adoráveis (tipo eu).

E posso ter um gosto esquisito para gajos, mas para pessoas em geral tenho razão. E neste caso, tenho mesmo.

Amei a galhofa de ontem e é por estas que adoro morar contigo (apesar da Miuccia com o cio) e vou adorar ainda mais a partir de hoje, dia em que nos convertemos ao conforto capitalista de ter empregada.

Love iu,

J

Wednesday, May 07, 2008

Saudades

tenho saudades minhas outra vez...

Monday, May 05, 2008

15 Dias

Em que andei por Lisboa, fui ao Indie, andei na galhofa, descobri que talvez seja frita, mas, cima de tudo, onde me voltei a sentir eu. Já tinha saudades.

27 anos

e meio depois, dou por mim a gostar que me chamem Joaninha. Bom, a achar graça a que a Mafalda me chame Joaninha.

Quanto ao resto do mundo, a minha opinião sobre inhos e inhas continua inalterada.

Vou com as aves

No mais fundo de ti,

eu sei que traí, mãe!

Tudo porque já não sou

o retrato adormecido

no fundo dos teus olhos!

Tudo porque tu ignoras

que há leitos onde o frio não se demora

e noites rumorosas de águas matinais!

Por isso, às vezes, as palavras que te digo

são duras, mãe,

e o nosso amor é infeliz.

Tudo porque perdi as rosas brancas

que apertava junto ao coração

no retrato da moldura!

Se soubesses como ainda amo as rosas,

talvez não enchesses as horas de pesadelos...

Mas tu esqueceste muita coisa!

Esqueceste que as minhas pernas cresceram,

que todo o meu corpo cresceu,

e até o meu coração

ficou enorme, mãe!

Olha - queres ouvir-me? -,

às vezes ainda sou o menino

que adormeceu nos teus olhos;

ainda aperto contra o coração

rosas tão brancas

como as que tens na moldura;

ainda oiço a tua voz:

Era uma vez uma princesa

no meio de um laranjal...

Mas - tu sabes! - a noite é enorme

e todo o meu corpo cresceu...

Eu saí da moldura,

dei às aves os meus olhos a beber.

Não me esqueci de nada, mãe.

Guardo a tua voz dentro de mim.

E deixo-te as rosas...

Boa noite. Eu vou com as aves.

Eugénio de Andrade

Un-Indie Girl

O filme que ganhou foi o de que menos gostei de todos os que vi.

Friday, May 02, 2008

Ponto final

O mal de querer passar por tudo com um sorriso nos lábios, é que, muitas vezes, o que sinto é menosprezado. Se fosse daquelas sempre com a lágrima pronta a sair, do tipo que chama atenção pela pena que desperta, tenho para mim, teria a vida mais facilitada. Na maior parte das vezes nem me importo. Tenho pessoas suficiente inteligentes e sensíveis que me topam à légua, mesmo que me ria que nem uma tonta. Mas de vez em quando chateia-me. Sobretudo quando percebo que se calhar essas pessoas são menos do que as que estava à espera. E de vez em quando penso que também devia fazer de mim a pequena vítima, a coitadinha - e jogar com essa arma flácida que é a pena dos outros. Mas depois a gaja que aprendeu a abrir frascos com o bico do fogão para não pedir ajuda (o calor dilata tampas de metal), volta a mim. E "guerrinhas" destas, não me interessam. Quem se deixa conquistar com armas flácidas (adoro, a d o r o, esta expressão), não me interessa. Ponto final.

Dear

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