Sunday, June 17, 2007

Infante Santo


Já foi cenário de alguns dos meus piores pesadelos. Foi também o palco de muitos dos instantes que constroem as minhas mais ternas memórias. Lembro-me de subir a rua de mão dada com a minha avó e de tentar andar equilibrada na borda de cimento que cerca os relvados. Lembro-me de a descer todas as segundas-feiras à hora do almoço. De a descer com risos parvos, adolescentes, a gozar das mises das senhoras bem vestidas que passavam. Lembro-me de termos parado, tão parvas, no cruzamento com a Santana à Lapa, a olhar para cima, por nada, criando assim uma pequena comoção.
Muitas vezes passo nesta avenida quando o sol ainda mal nasceu e então parece outra. Parece apenas uma rua cinzenta, sem história e sem Lisboa, que para quem sobe o rio não se vê. A arquitectura é diferente e as cores também, como se as árvores àquela hora fossem cinzentas e as suas folhas duras, de betão. É um caminho triste quando vazio de memória.

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