Neutrão
Ando a ler a Breve História de Quase Tudo, do Bill Bryson. Já tinha lido outra vez, mas quando falo de ciências é como se os meus neurónios se transformassem em ranho, ou qualquer outra mucosidade inútil, e nada parece fazer grande sentido. Vou na parte dos átomos, partículas e quarks. Na parte em que Einstein se recusou a aceitar que há leis para o universo e leis distintas para o mundo do infinitamente pequeno. Sendo uma gaja de humanidades, acabo por filosofar sobre as realidades do mundo natural. Ao ler sobre o papel dos neutrões - a carga neutra - não consigo evitar fazer relações sobre os neutrões da vida real.
Bom, para começar, não acredito muito em neutrões. Nos da vida real (os outros também nunca os vi, mas tenho uma fé imensa na sua existência). Bom, há os indiferentes. Esses são uma espécie de neutrões, mas não contam, porque a sua neutralidade não é uma escolha - não se importam. O mal (o bom, se não a vida era uma seca) é quando não somos indiferentes. Temos opiniões, sentimentos, vivemos as coisas, mudamos as coisas, relativizamos (no sentido Einsteiniano). Eu faço isso com quase tudo. Tenho dificuldades em lembrar-me de uma circunstância em que tenha sido neutrão. Indiferente.
E, como boa umbiguista, não concebo, não acredito, em quem diz ser neutro. Quem diz que não avalia, não julga ou, muito simplesmente, segue uma intuição. Mas assumam. Saiam da casca e deixem-se de merdas. Mil vezes criticarem-me violentamente do que atirarem-me poeira para os olhos. Só pode fazer de Suíça quem abdica verdadeiramente de juízos de valor. Fazer de Suíça só para não ter chatices, acaba por ser uma hipocrisia e acaba por ser desleal para ambos os lados da barricada.
É que os neutrões, descobriu-se, são capazes de desequilibrar um átomo. Por completo.
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