A voz
A minha mente teima em não deixar que as fisionomias se gravem para mais tarde serem recordadas. Daí que as minhas memórias sejam não raras vezes confusas e tenha dificuldade em reconhecer rostos quando os perco do meu dia-a-dia. Muitas vezes as minhas memórias mais fortes são feitas de cheiros e vozes. Mesmo quando sonho, e quantas vezes os sonhos não me surpreenderam já com a violência e nitidez de um rosto, o sonho tem cheiro, tem som, tem vozes. Ontem inúmeras vezes tentei prender a minha atenção nas palavras e sempre os meus olhos se perderam no vazio do auditório cheio, embalados pela voz de Paul Auster. Lembro-me de uma frase apenas (e porque a escrevi no meu adorado telemóvel). Mas da voz não me vou esquecer. Acho.
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