Tuesday, February 06, 2007

Sam

Chamei-lhe Sam. Não, não tinha sequer ar de Erasmus. Podia mesmo ter nascido como eu, aqui. Mas não. Tinha qualquer coisa que me fazia lembrar alguém e chamei-lhe Sam. Tinha um ar pálido e deprimido mas dançava ao ritmo do bater dos atacadores enormes dos seus All Star verdes. Não sorriu nunca, e ainda bem porque aposto que é mais bonito sem se rir e isso assusta-me. Aposto que nos phones ouve alguma coisa que nunca ouvi e só isso era o suficiente para o olhar descaradamente com a secreta esperança que me oferecesse a possibilidade de ouvir um ou outro acorde. Mas mais do que a música era a forma como ele olhava para o que é meu que invejei. Olhava para as minhas ruas como quem as vê pela primeira vez. Para os rostos que por nós passavam como se estranhasse o jeito apático e alheado de quem vai trabalhar. Segui-lhe o olhar e perdi-o de vista.

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