Friday, December 12, 2008

Da morte dos outros

A cena do caixão aberto faz-me espécie. Mesmo que cubram o corpo com aquela espécie de napron. E as conversas. E primos de que já nem me lembro. E o tio-avô simpático que me levantava pelos cotovelos, já não levanta sequer o próprio braço, nem sabe bem quem eu sou. E continua a fazer graçolas consigo enquanto vai chorando a mulher que o deixou para trás nesta corrida do não-quero-ser-eu-a-ficar-sozinho. E a senhora velha a um canto que faz todas as perguntas que não quero responder e que não sei bem quem é porque a dada altura já se confundem as genealogias e quem é primo ou tio de quem e o meu pai teve de ir lá acima ingerir a sua dose de nicotina. E depois esta coisa de ter a mesma fronha desde que nasci e todos me reconhecerem. Sinto-me a miúda do peep show a entrar no tasco de rebarbadões que tem ao lado do estaminé.

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