Little Lady Bug
Diz que as joaninhas dão sorte. Diz também que os vencedores são aqueles que sabem que vão vencer ("Little Miss Sunshine"). Nunca penso muito nessas coisas, embora me limite a jogar quando sei que posso ganhar. Já uma vez divaguei sobre o facto de, para mim, tudo ser um jogo.
A verdade é que, quase sempre, acredito piamente na minha derrota ao longo de quase todas as jogadas. É tal a confiança nesse fado que chego invariavelmente à véspera da minha capitulação com uma calma assustadora. Uma frieza e uma clareza que me dão uma precisão milimétrica. Já meditei várias vezes que é uma sorte não me dar para a maldade. Tenho quase a certeza que, neste estado, seria capaz de matar - bem, eu disse acho. Enfim, stresso antes e depois, mas nunca enquanto o palco é meu.
E tenho sorte. Aquela sorte bíblica a que alguns chamam milagre, mas que é apenas um acaso, um golpe: os dados a meu favor.
Hoje foi assim. Quando senti a minha cabeça a prémio e aquela calma gélida começou lentamente a congelar-me as veias, os ventos mudaram a meu favor. Num instante tudo mudou de mau a óptimo.
E se pensar bem, sem que tenha tido grande mérito nisso, tem sido sempre assim.
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