Thursday, February 08, 2007

Milagre Geek ou Soutine recuperado





Soutine


Confesso que a primeira vez que Soutine me chamou a atenção, nada teve que ver com a sua obra, mas com o facto de o seu primeiro nome ser Caím (Chaim). Quem chama Caím a um filho não pode querer ter mais filhos (memo to me: ver na wikipédia se ele teve irmãos), ainda para mais os pais eram Judeus, sabiam a estória.


Mais tarde chamou-me a atenção o facto de ser um pintor expressionista (um género distante que atiro sempre na minha incultura para os finais do século XIX) que morreu nos meandros da II Guerra Mundial, um acontecimento relativamente próximo.


Quando finalmente resolvi investigar o que o senhor tinha pintado, dei de caras com um expressionismo que nada tinha a ver com os Manets e Monets que eu conhecia. Nem sequer com os Van Goghs. Para mim, e friso que não percebo um boi de arte e que opino enquanto leiga, o expressionismo de Soutine tem um "desfocado visceral" que não tenta ser bonito ou que mostra que a beleza é toda outra coisa que não o que sempre acreditámos ser belo.


Enfim, são quadros que não se esgotam ao primeiro, nem ao segundo, nem ao terceiro olhares. São quadros que posso ver vezes sem conta, sem me fartar (e sabe Deus como sou uma pessoa facilmente entediável).


E há um senhor - se Deus quiser solteiro e doido por me encontrar - que segunda-feira desembolsou 13 milhões de euros para ter um Soutine na sala de estar.


A título de curiosidade, acrescento ainda que Soutine se ofendeu com os vizinhos quando estes protestaram contra o facto de ele guardar carcassas mortas em casa. Afinal, explicou ele (imagino eu num Francês sublinhado com um sotaque letão), a arte é um bem maior que a higiéne.

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