Tardes de Inverno II
As tardes de Inverno em casa dos meus avós tinham scones. Feitos pela minha avó Nita, a olho, sem receita (eu uso a do meu primo Gonçalo, com alguma "liberdade criativa"). A minha avó metia literalmente a mão na massa, coisa que só faço quando a coisa está mais consistente e para fazer as bolinhas. As tardes de Inverno em casa dos meus avós tinham chá. Quente e preto, com "uma pinguinha" de água fria para eu não me queimar, nem ficar uma semana sem dormir. A minha irmã, que até hoje odeia chá de todas as maneiras e feitios, bebia sumo de laranja em chávena de chá. As tardes de Inverno em casa dos meus avós tinham o som da chuva na calçada do jardim. Pelas janelas podiamos contemplar o verde molhado e sentir o calor da casa. E depois há aquela tarde, de que me lembro nem sem bem porquê. Tinha um kilt e uma camisola verde. E estava deitada na senhorinha por debaixo da janela. Ouvia a chuva ao fundo, por detrás de uns acordes de ópera que o meu avô decidiu ouvir. Depois a minha avó chamou-nos. E, indolentes, lá fomos para os scones.
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