Tuesday, October 20, 2009

Speedy Gonzalez

Não sei bem de que é feita uma memória. A parte física, que tem de existir por força da fé em que tudo é físico. Não sei se tenho fios de energia que me ligam os neurónios, os átomos do cérebro ou quaisquer outras partículas. Até porque as imagens de hoje não ficam gravadas com a mesma nitidez de antigamente. Talvez o meu cérebro seja selectivo. Não sei.

Mas sei que nos primeiros dias de chuva há uma memória que de mansinho vai crescendo. Oiço o Speedy Gonzalez. E lembro-me das tardes de férias em que não podíamos brincar no jardim alagado. Pedíamos insistentemente até que o meu Avô cedia. E naqueles gestos doces que eram os dele, escolhia o disco. E nós dançávamos, inventando novos passos, nem sempre coordenados e sempre divertidos. Ele ensinava-nos. Com paciência e um sorriso feliz. E de tão contentes não ouvíamos nem a chuva, nem os segundos no relógio grande da sala que marcava o compasso da nossa história.
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