Wednesday, January 28, 2009

Vestidos às flores e fatos completos

De uma leva, o grupo de amigos dos meus avós quase que desapareceu. Como se Deus, ou o burocrata de serviço, tivesse gritado next e um capítulo das minhas memórias tivesse todo a mesma senha. Não me eram especialmente próximos, nem lhes tinha grande afecto. Eram figuras da minha infância, das tardes longas de Verão em que era obrigada a ósculá-los antes de ir jogar ténis ou mini-golfe.

Os amigos dos meus avós pertencem à imagem fixe que tenho dos anos 60 e 70, neste jardim à beira mar plantado. Cresci com relatos de noites longas, regadas a whisky que o meu avô trazia de Londres, com jogos de Bridge que duravam até de manhã ao som de bitaites políticos atirados sem medo. A falar de livros proibidos que traziam de viagens, com muito cuidado, para não serem apanhados na fronteira. E de filmes que viam lá fora e que cá era proibidos (a minha avó está sempre a falar da Emmanuelle, g o d, não quero parecer a púdica da família - não sou - mas discutir filmes eróticos com a avó não é programa que me deixe à vontade).

Enfim, é todo um imaginário feito de vestidos às flores e fatos completos de alfaiate que se foi.
FREE hit counter and Internet traffic statistics from freestats.com