Saturday, February 21, 2009

Certeza

Fui cortar o cabelo hoje. Foi bom apanhar uma cabeleireira que fez exactamente o que lhe pedi. Ou seja, eu, e apenas eu, noto que o cabelo está diferente. Fui com uma amiga que experimentou uma técnica de alisamento definitivo. No Liceu, esta minha amiga tinha o chamado "cabelo quase carapinha". Hoje ficou com o cabelo lisinho, lisinho e mesmo brilhante. Saí do cabeleireiro (5 horas depois de ter entrado), com alguma inveja da forma como o cabelo dela voava ao vento, sempre tão liso e controlado. Pensei em fazer o alisamento definitivo.

O problema é que ela, desde muito pequena, sonhava em ter o cabelo liso e comprido. Muito liso e muito comprido. Desde pequena. A certeza de que era assim que queria o cabelo. Ora, eu, como todos os meus fiéis leitores a esta hora já terão percebido, sou tudo menos uma pessoa de certezas. E se a maior parte do tempo odeio o meu cabelo, que tem vida própria e é a encarnação de alguém que eu torturei numa vida passada, também tenho dias em que o gosto de o ver ondulado e outros em que gosto dele esticado e outros ainda em que gosto de o ver com jeitos. Porque, no que diz respeito ao cabelo e à maioria das coisas, aquilo que me separa dos seres humanos de quem gosto mesmo muito e que admiro é precisamente as certezas que eles vão tendo durante uma vida inteira e que em mim duram apenas uns instantes.
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