Eight
É uma contagem mórbida, bem sei. Mas gosto especialmente do número oito, por razões que não sei explicar, embora este ano seja um número non grato. O universo funciona de uma forma estranha. Habitualmente não sei a que dia ando. Nem olho para a minúscula janelinha do relógio que me diz que estou a 19. Mas o mundo movia-se, no seu passo pesado, lento e certo, e a data não podia passar-me em branco. Primeiro não me lembrei. Mas a minha rua tem cartazes a dizer que os ramos das árvores serão cortados no dia 19. E na porta do prédio foi afixado um papel a avisar da contagem do gás no dia 19. Mesmo assim, em inconsciente negação, não me lembrei. Hoje, a meio de uma reunião, a meio da manhã, fez-se luz. Como se me pudesse ter esquecido e, no entanto, quase me esqueci. Gostava de neste dia poder dormir e não acordar senão a 20. É estúpido, eu sei. Como se o número que o calendário marca fosse mais do que tinta no papel, do que um detalhe burocrático. E é é. Hoje é. Porque há sete anos que neste dia me lembro do dia que há oito anos foi. Revejo todos os meus gestos e palavras e, evocando a Teoria do Caos, imagino que detalhe poderia ter sido diferente, para hoje, dia 19, ser um dia igual a tantos outros.
Foi o último de uma série de dias quentes de Fevereiro, depois o cinzento e a chuva inundaram Lisboa. Uma metáfora perfeita.
Foi o último de uma série de dias quentes de Fevereiro, depois o cinzento e a chuva inundaram Lisboa. Uma metáfora perfeita.
1 Comments:
;)
também me lembrei, bjs
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