Faz parte do ser humano questionar a vida, a morte, os mistérios da existência. O princípio e o fim marcam-nos, por vezes corroem-nos, mais do que tudo aquilo que preenche o tempo pelo meio. Bom, com o meio, com o que acontece pelo meio, somos tolerantes, inventamos razões e criámos esse mundo fantástico e admirável de analistas da psique que tentam dar-nos respostas. Para os "extremos" da existência, criámos Deus. O Deus que nos castiga depois da morte, com a morte de entes queridos, com a sombra da nossa morte sempre tão perto do nosso escalpe. Esse mesmo Deus a quem, de joelhos, agradecemos pela fragilidade e beleza de vida recém surgida, pelo último sopro que nos afasta do abismo.
Os que não crêem em Deus, creio eu, tendem a afastar-se da sua raça. Não por abraçarem o endeusado intelecto, ilusionista da lógica racional, mas por se aproximarem do pó, da partícula e do infinitamente obsoleto. E a morte, essa vil criatura, merece de nós apenas o maior desprezo, do banal que é o pó ao pó tornar.