Se a nossa vida é um filme, tenho para mim que somos os realizadores. Não escolhemos o argumento, há demasiadas situações que fogem ao nosso controlo. Mas somos responsáveis pelo ângulo e sobretudo pelo tom com que abordamos as situações que surgem. Há quem escolha fazer uma coisa mais comercial e agradar a grandes multidões e há quem escolha fazer algo um pouco mais
de autor e agradar apenas a si mesmo. Há quem faça da vida um documentário e há quem faça dela uma idiota comédia romântica. Há quem escolha um épico de aventuras e há quem escolha um drama de faca e alguidar. Claro que esta postura carrega a responsabilidade pelo resultado final. Daí que haja quem continuamente se engane atribuindo a si mesmo a função de actor que cumpre a custo e com sacrificio as deixas que lhe calharam.
Sinto às vezes que estou prestes a cair para esse lado, o dos Kalimeros, o dos que nada escolhem (?), nada controlam (?), as vítimas circunstanciais (?). Mas vou tendo (até quando?) a capacidade de ver que os meus actos são uma escolha minha. Só minha.