Hoje de manhã apanhei com um palhaço no carro à minha frente com um dístico "Sorria e tenha um dia feliz". O dístico não era daqueles que se compram, nada disso. Era uma impressão raquítica e caseira. Era mesmo aquilo que ele queria dizer. A toda a gente. No meio do trânsito. E ele conduzia de boné. Nunca percebi as pessoas que conduzem de chapéu. Em carros com capota. E vá que o sol de hoje está longe de fazer mossa. E eu percebo disso, uma vez que saio ao lado Neoblanc da família - por oposição ao lado monhé da família de que o meu pai é líder indiscutível.
Bom o que a mim me chateou é que eu sorrio. Sou praticamente uma prostituta do sorriso - não confundir com uns e outros que são as prostitutas do riso. Eu sorrio por tudo e por nada. Para não me chatearem, quando finjo que estou a ouvir alguém e estou com a cabeça noutro lado, quando convenço o senhor da drogaria a fazer-me desconto, quando estou a dizer uma coisa mesmo má, quando estou a ser querida (uma raridade, juro), quando faço uma manobra de trânsito menos ética, quando me atraso, quando cumprimento as pessoas, quando me despeço, às vezes até quando penso. Passo a vida a sorrir e não, não é por isso que o dia é feliz - embora sorrir faça menos rugas que estar de trombas e, a longo prazo, esse possa ser de facto motivo de felicidade.
Mas pronto, não preciso que nenhum palhaço, com boné dentro do carro, me venha pedir sorrisinhos. Se ele não tem o dístico, provavelmente, até tinha levado um sorriso. E aí é que o dia lhe ia correr bem.
Ah e by the way, sol e A5 sem trânsito bastam para me pôr de bom humor. Que sou assim, uma gaja a modos que simples.