Friday, August 31, 2007

Geração defensiva

Houve tempos em que uma poeta (que não acabou os seus dias com a cabeça repleta de happy thoughts) dizia que o Amor se cantava a "toda a gente". Hoje em dia é, cada vez mais, uma coisa nossa. Cantar o nosso amor é abrir uma via verde para as nossas fragilidades, pelo que, muitos de nós otam pelos jogos enviesados a que comummente chamamos de amor. Uma festa aqui, desprezo acolá, ah agora já vens, agora não quero. Cantar o amor, hoje, é como que oferecer o peito ao inimigo e aguardar calmamente a estocada final.

Your Song. My Song. Our Song.

Grandes temas

Gosto e admiro aqueles que se dedicam aos grandes temas e à Causa Pública. Que perdem parte do seu Tempo, tão valioso quanto o meu, a pensar em formas de melhorar a sociedade. Mas nunca me lembro de ver num desses pensadores, um homem feliz. O que é de estranhar. Para me servir de exemplo, basta que alguém seja feliz.

Wednesday, August 29, 2007

Plágio ou a minha nota de boas-vindas

Se a música fosse sexo, os Beatles eram os preliminares e os Rolling Stones a penetração.

welcome back.

Banquete

x discute com y o sex appeal de z. Para x o sex appel de z deriva do seu intelecto ponto de que y discorda, afirmando, sem pestanejar, que z seria um banquete para qualquer homem das obras.

Uma música em vários posts III

Tu sais que je sais que tu ne sais plus qui tu es
Depuis que tu t'adonnes a nos petits jeux hors de la norme
Je te plais tu me plais
You please me, i please you

Sou só eu que falo depressa...

... ou "Deixa-me amar" não é um nome nada bom para uma telenovela?

Uma música em vários posts II

Toujours perdante tu me tourmentes
Et tes desirs me prirent pour me detruire
Je prends un certain plaisr a souffrir
A me punir a me repentir

Tuesday, August 28, 2007

Uma música em vários posts I

Tu me suis tu me souris dans la nuit tu me seduis
Je sais que tu sais que je ne sais plus qui je suis

Julie Delpie, Je t'aime tant

Uma música em vários posts...

...porque a vida também se vive em fascículos, em episódios semanais.

Monday, August 27, 2007

A Medula da Alma

Para poder encontrar-me a mim mesmo, tive primeiro de me perder. Tive de chegar ao pleno vazio de mim. Não foi um vazio imóvel, um compasso de espera na dança do ser: o meu vazio foi um rodopiar imparável de dinâmica negativa, de tal forma que desistir surgiu, por fim, como premente solução lógica para acabar de vez com o tormento daquele excesso giratório. Tinha dezanove anos. A minha vida, para todos os efeitos, mal começara. Mas antes mesmo de ter podido pisar-lhe o palco, parecia ter chegado já o momento de fechar o pano. A tragédia grega ensina que "o amor não deve atingir a própria medula da alma". Mas na vida e alguns de nós, de preferência uma única e irrepetível vez, a medula da alma é atingida pelo amor. Felizes os que sobrevivem.

Frederico Lourenço, A Formosa Pintura do Mundo

Sunday, August 26, 2007

A dog's life


Alguns cães têm sorte. A Pêra, por exemplo. É gira, como podem ver, passa o dia bem disposta e na galhofa. Leva mimos. Nunca vai fazer um exame. Nunca vai ter um first date. Nunca se vai apaixonar nem nunca vai ter o coração partido. Não vai ter angustias por crescer, ou lamentar tempos que passaram. Nunca vai ter de acordar cedo numa manhã de chuva para ir trabalhar nem nunca vai ter de aturar clientes idiotas com um sorriso nos lábios. Nem passar pilhas de horas a pensar em quem não deve.

Sleeping Beauty


Lazy Sunday


Encontrar a nossa casa, deixar uns minutos no Dr. Sousa Martins e a noite de ontem são coisas para nos deixar ligeiramente de rastos. E o calor tão terceiro mundista que invadiu Lisboa. E a relva fresca do Jardim da Estrela chamava por nós.

Saturday, August 25, 2007

Coaching 1 0 1

Esqueçam os treinos e conselhos. A verdade é que a uma gaja, basta-lhe ser gaja e volta e meia fazer um ar querido.

Tuesday, August 21, 2007

Limites

O Lumiar não é Lisboa mas é lá que eu estou durante os dias. O Camões é Lisboa e só lá vou durante a noite. Pelo que, à medida da minha contradição, o Lumiar é Lisboa porque eu lá estou e, quando não lá estou, o Camões é de outra terra que não a minha. Quebrando-se as leis ditadas pelo mover do metro debaixo da terra, dou por mim num Camões com o sol a pique, salpicado de raízes pretas em cabelos loiros e sotaque do nordeste brasileiro (aqueles erres esquisitos), gente muito branca, alienada, que não conhece as regras da minha Cidade. Aqueles que se cruzam comigo na estação do regresso a casa.

Casamento

Tenho para mim que há muita (demasiada) gente que se casa por insegurança. Não adoram o que têm mas não têm a certeza de conseguir melhor, pelo que, antes isto que nada. E quando se prendem de repente o mundo passa a ser feito de tentações e não há elemento do sexo oposto que não deseje os pequenos agrilhoados. Qualquer conversa é um flirt, qualquer sorriso um convite. O que oprimidos não sabem é que se os solteiros os não soubessem casados, não lhes falavam, não lhes sorriam. O casamento foi apenas(?) a forma de o sonho parecer mais real.

Monday, August 20, 2007

Adorável

Sou, regra geral, adorável.

Facilmente conquisto uma pessoa que acabo de conhecer. Mesmo sem esforço. Quer esteja na minha versão tímida-olhos-de-bambi, quer esteja furiosa e com um linguajar de carroceira-a-quem-chateia-a-possidonice-alheia.

Uma sorte diriam muitos. Um karma, explico eu.

É fácil gostar de mim e é fácil construir mitos à minha volta. A maioria das pessoas não quer mais do que uns momentos de atenção, de pessoas que as oiçam e lhes digam exactamente o que querem ouvir. Sou boa nisso. Muito boa. Se a isto juntarmos uma propensão natural para a galhofa e uma cultura mediana, temos como resultado uma miúda bastante adorável.

Só que ninguém é adorável o tempo inteiro. E se oiço o que me dizem - os grandes dramas humanos que ocupam qualquer um - também é certo que, na grande maioria das vezes, uns instantes depois já me esqueci. E se é certo que sei exactamente aquilo que as pessoas gostam de ouvir e, quase sempre, os meus timings são exemplares, muitas vezes (cada vez mais) resolvo ser eu e dizer precisamente o que penso.

E é por isso, precisamente por isso, por essa quase obstinação crescente em assumir os meus pontos de vista, em insistir comigo mesma para decidir o que quero e o que me faz bem, que parece que alieno aqueles que viviam ofuscados com a minha aura adorável.

E se criei este ser que a todos conquista, porque se trata de uma invenção minha, choca-me que por ser mais eu, que ao deixar cair a máscara, os outros se afastem. É como se achasse que, depois de conquistados, eu pudesse relaxar e ser eu mesma. Um erro básico de estratégia. Parece uma consequência lógica, mas é um resultado ao qual me estou ainda a adaptar. Daí talvez a fragilidade dos últimos tempos. As lágrimas fáceis que sempre me enervaram e que para mim serão sempre sinal de fraqueza e desnorte.

É duvidar do que tinhamos por certo, mesmo quando a razão nos mandava questionar aquilo que temos seguro. É ter a consciência de que tudo podemos perder e a certeza de que o que sobrevive a este filtro vale a pena. Nem que seja pela persistência.

Sunday, August 19, 2007

O que gostaria de ter sido eu a escrever

Mas o género humano em que mais tenho meditado nos últimos tempos é o daquelas pessoas que adquirem naturalmente uma reputação de frágeis, emocionais, afectivas. Depois vai-se a ver e são precisamente o oposto. De fácil choro, sentimentalizam as relações pessoais e expõem histórias terríveis de divórcios e destroços familiares. Não há quem não se apiede delas. E sobretudo não há quem possa desgostar delas. No entanto, tenho visto casos em que tanta exaltação afectiva serve para disfarçar a inquietude moral que também se encontra num mau carácter. É um mundo extraordinário e trágico o destas pessoas. Gente que faz o possível para ser boa, que quer a aprovação dos outros, que vive à conta de emoções desconjuntadas, mas que por defeito de fabrico não consegue estar à altura, não chega ao que imaginou. Estes demancham-se na primeira oportunidade.

Home Sweet Home


Não tarda vamos estar na nossa casa.

Agosto


Gosto de Lisboa em Agosto. É outra cidade, com outras pessoas e as mesmas vistas. Mesmo que o meu Bairro Alto fique como que invadido por uma possidonice saloia de quem vive arredado da metrópole o resto do ano. Mesmo que a música do Lux ande pelas ruas da amargura. Há sempre gente nova nas minhas ruas e o ar condicionado dos museus para arrefecer as tardes quentes em que o Mundo debandou para as praias.

Tuesday, August 14, 2007

Alma Gémea

Não podiamos ir para a nossa casa sem termos uma música só nossa...

Friday, August 10, 2007

Ironia dos sentidos

Estar a ouvir o "Sympathy for the devil" e ver um padre.

Castigo

Eu não devo sair à quinta-feira.
Eu não devo sair à quinta-feira.
Eu não devo sair à quinta-feira.
Eu não devo sair à quinta-feira.
Eu não devo sair à quinta-feira.
Eu não devo sair à quinta-feira.
Eu não devo sair à quinta-feira.
Eu não devo sair à quinta-feira.
Eu não devo sair à quinta-feira.
Eu não devo sair à quinta-feira.
Eu não devo sair à quinta-feira.
Eu não devo sair à quinta-feira.
Eu não devo sair à quinta-feira.
Eu não devo sair à quinta-feira.
Eu não devo sair à quinta-feira.
Eu não devo sair à quinta-feira.
Eu não devo sair à quinta-feira.
Eu não devo sair à quinta-feira.
Eu não devo sair à quinta-feira.
Eu não devo sair à quinta-feira.
Eu não devo sair à quinta-feira.
Eu não devo sair à quinta-feira.
Eu não devo sair à quinta-feira.
Eu não devo sair à quinta-feira.

Tuesday, August 07, 2007

Vanderlei VS Gunther

Gostava de ter certezas absolutas e inabaláveis. De ter uma fé sem limites. De ter convicções. Mas sempre que tomo uma decisão, que opto por um ponto de vista tenho uma voz que me diz que estou errada. É como se além do Vanderlei, também Gunther, o pequeno victoriano calvinista, fosse meu inquilino.

Sunday, August 05, 2007

Calor

Embala os corpos, entorpece os sentidos, esbate as memórias das noites em que fervemos.
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