Wednesday, January 31, 2007

Megalómana

Mania de preferir as coisas simples...

In a Fishbowl

Não há nada mais angustiante do que ter os movimentos presos. Do que nadar sem chegar à superfície. É o que sinto sempre que me deixam sem opções.

Tuesday, January 30, 2007

Lost

Estive hoje um pouco mais de uma hora a ouvir o Mário Soares falar. Não tive sono, nem me aborreci e podia ter ficado lá mais não sei quanto tempo a ouvi-lo. Pode aldrabar o que quiser sobre a vida dele e até acredito piamente que tenha sido um cabrãozinho em diversas alturas (quem não foi?) e de qualquer forma isso seria um motivo para gostar dele.

O ponto é que o oiço e com a minha idade ele já estava a deixar de ser comunista (eu ainda nem comecei) e quase a ser preso. E eu nem consigo tomar decisões for real.

Sunday, January 28, 2007

Karma

A dizer que tenho um karma nos dias que correm, essse Karma tem a ver com o facto de ser a outra. Desde as primeiras horas do ano que parece que sou mais interessante para quem é casado ou quase do que para quem é solteiro. Não sei se é uma fase (há uns tempos eram lésbicas e ménages à trois) se é uma tendência que veio para ficar. O que me chateia. Tão picuinhas como vou sendo, não consigo (sóbria) achar a menor graça a maridos ou "noivos" infieis.

Music Vs Space

No Incognito a música estava perfeita, a companhia também, mas o facto de o meu "espaço vital" estar constantemente a ser violado chateou-me. No Lux, a música não é tão boa (não era má...), a companhia idem, o espaço dava para tudo, qualquer coreografia, qualquer movimento arrojado, esticar braços e pernas (apesar de cheio).

A ser verdade que a virtude está no meio, faz falta uma danceteria no Terreiro do Paço.

Good Behaviour

Portarmo-nos bem nada tem a ver com a quantidade de tequilla* ingerida. O que me assusta (ao mesmo tempo que estou orgulhosa). Significa que quando nos portamos mal nada tem qe ver com a quantidade de tequilla* ingerida.

*Há excepeções a esta regra: a passagem de ano, por exemplo.

Saturday, January 27, 2007

Wake Up

Às vezes sabe bem acordar.

Great Expectations

A festa que ia ser grande foi só um revival numa noite onde tudo o que não me apetecia era revival do que quer que fosse.

Friday, January 26, 2007

Healing

Tenho para mim que há poucas doenças que resistam a 10 horas de sono e um bocadinho de mimo.

My Own Personal Che

Thursday, January 25, 2007

Para desanuviar...

Constato que o ser humano atinge o máximo de patetice quando apaixonado. Quanto mais intensa a pessoa e, consequentemente, mais intensas as emoções mais exposta fica a criatura ao ridículo. Há poucas coisas mais divertidas do que observar alguém apaixonado. Há alterações imprevisíveis no comportamento, fica-se com um sorriso idiota por dá-cá-aquela-palha e olham para o mundo de lado como quem decobriu o Nirvana, como quem pertence a um pequeno círculo de eleitos.

Acho engraçado observar esse hiato de tempo que os separa da queda no abismo. Há seres que depois de cairem se tornam maçadores, limpos de todo o pathos que me divertia. Outros há que é na queda que brilhantemente de inspiram. É o caso de Micah P. Hinson. Depois da galhofa de ontem, aguardo o album de ressaca da Silvia.

Sobre a fúria impotente

O mal de ficar furiosa com várias coisas ao mesmo tempo é que não consigo reagir a nada.

Aparências

Eu sei que teno um ar "fofo" (como abomino esta palavra...) e "quiducho"(outra). Eu sei que faço beicinho e olhos de bambi. Mas agradecia que parassem de se meter na minha vida e de tentar resolver as minhas coisas por mim.

Não há paciência

Para gente demasiado frágil e sensível.

Livre-arbítrio

Acho que Deus nos deu poder de escolha só para se divertir enquanto nos arrependemos.

By Definition

Diva Saltitona

Micah & Nick

Não desgostando dos heróis vou sempre preferindo os sidekicks.

Wednesday, January 24, 2007

Sugestão

Após sair do banho e ainda hesitante entre marimbar na pele que parece pergaminho ou enfrentar as temperaturas gélidas para pôr creme hidratante, ocorre-me uma sugestão:

Caros senhores da Beiersdorf, L'Oreal, Unilever e afins, talvez que já seja tempo de inventarem uma fórmula hidratante que possamos aplicar no banho. Gel de banho não basta e óleo para bebé provoca apoplexias ao meu dermatologista.

Espero que tomem nota.

Obrigada.

Countdown


Hoje. No Santiago Alquimista. Ele. Micah P. Hinson.

Tuesday, January 23, 2007

Do fim do ano

E desde este dia já quebrei montes de promessas...

Cláusula Contratual

Caro Deus,

Lendo atentamente o meu contrato de admissão à vida terrena, constato a alteração de uma cláusula sem que disso eu tenha sido sequer notificada. Estranho essa atitude da Vossa parte, uma vez que as nossas relações sempre se pautaram pela máxima honestidade. Nunca neguei que renego os Vossos ensinamentos e mais ainda essa comunidade beatífica que burocratiza as nossas relações. Por isso mesmo tomo a liberdade (perdoe-me a audácia) de directamente me digir a Vossa Divindade.

A Cláusula em questão diz respeito ao clima em que concordei estabelecer-me. Apesar das advertências (porque o sol no Verão é forte, e a Primavera demasiado extenuante para quem como eu sofre de alergias) tenho a certeza que no contrato por mim assinado estava explícito o meu desejo de habitar em local com clima ameno o ano inteiro.

Como tal, não percebo a que devaneios - certamente humorísticos para a sua classe - se deve a temperatura que por estes dias se faz sentir na cidade que me viu nascer. Nem tão pouco aceito aquelas ridículas demonstrações de poder, bafejando de neve as calçadas inclinadas de Lisboa.

Pedia-lhe, humildemente, que se mantivesse fiel à sua palavra e pusesse ordem nos termómetros (um conselho: São Pedro é senhor para já estar em idade de reforma).

Atentamente.

Joana

PS - Também não achei graça, agora que tive tempo para ler as letras mínimas, à história do No Pain, No Gain; mas como posso quase jurar que ignorei as letritas quando assinei o contrato, em relação a isso faço um Mea Culpa.

Umbiguismo ao Cubo

É que não me faz sentido que os outros existam quando eu não estou lá.

Then & Now

And the question is, was i more alive
Then than i am now?
I happily have to disagree;
I laugh more often now, i cry more often now,
I am more me.

Peter Bjorn and John, Objects of my affection

Then & Now

And the question is, was i more alive
Then than i am now?
I happily have to disagree;
I laugh more often now, i cry more often now,
I am more me.

Peter Bjorn and John, Objects of my affection

Monday, January 22, 2007

Livin' in Gossip Town

X conta a J algo que ninguém deve saber.
y conta a J algo que ninguém deve saber.
J toma consciência de que sabe o que não devia saber.
J é sondada sobre o que sabe e não devia saber.

J, por uma vez na vida, não fala com medo do que pode dizer.

Optimismo de segunda-feira

À segunda-feira é como se o fim-de-semana não tivesse existido.

Gmail Chatin'

Como musa inspiradora sou uma fraude.

Sunday, January 21, 2007

Have some Sympathy

So if you meet me
Have some courtesy
Have some sympathy, and some taste
Use all your well-learned politesse
Or I'll lay your soul to waste

Pós-produção

Em compensação, há alturas em que a memória em si não tem sons (nem sequer grandes cores) e podemos construir a banda sonora em pós-produção.

Simple Songs

Acho que já alguém disse isto, mas é incrível a forma como as músicas se tatuam às nossas memórias. A quantidade de boas memórias que tenho associadas a músicas manhosas é assustadora. É a música que está na rádio, o gosto duvidoso de pessoas que adoro ou o meu próprio gosto duvidoso em certas alturas da vida.

Como daquela vez em que a caminho da Serra da Estrela tivemos um furo. E acabámos a dançar Gipsy Kings na estrada sob a luz incandescente dos faróis.

Inflação, ou a prova de uma adolescência que já acabou


E pensar que na altura não bebia.

Imagem tirada daqui.

Saturday, January 20, 2007

Zie Mess


Tenho a cabeça num turbilhão com um epicentro de tequilla. É como se cada célula do cortex se movimentasse por si mesma indiferente à minha vontade. E é como se falassem entre eles numa língua que não conheço.

Friday, January 19, 2007

Carta Aberta

Caros Deus, Jeová, Alá ou quem quer que seja que tem algum poder sobre as Coisas,

Não percebo a existência de certas pessoas. Desinteressantes. Pessoas com vidas amorfas. Que aquilo nem vida devia ser. Pequeninas, pequeninas de alma. Vazias, vazias de qualquer interesse. E, no entanto, como todos nós, vão consumindo alegremente esse bem escasso que é o oxigénio. Podiam pelo menos levá-las para longe. Ou dar-lhes um cérebro formatado para coisas que interessem. Já nem falo de cultura ou coisa do género. Nem tão pouco de Saber em geral. Falo apenas de interesse. De ser capaz de ter uma conversa sem me pôr a dormir. Ou, pelo menos, de as incapacitar de transmitir oralmente toda a mesquinhez de que as suas almas estão imbuídas.

Antes mandarem-nos de volta um Saddam que anima as hostes aqui por baixo. Agora gente amorfa, só para fazer número, parece-me mal. Mesmo que o façam para vosso divino divertimento. Eu também faria algo do género, é certo, mas com mais humor e menos sonolência.

Deixo-vos esta pequena reclamação que, sei, será tida em conta pela vossa imensa bondade e divindade.

Atentamente.
Com os melhores cumprimentos,

Joana

PS - Se não for possível eliminá-las de vez, podiam pelo menos tirá-las da minha frente?

Thursday, January 18, 2007

GEMEOS!


Para quem ainda tem dúvidas, consultem o site.

Wednesday, January 17, 2007

O abraço

Pergunto-me se é possível voltar a sentir aquele amor adolescente, totalmente idiota, em que trememos a dizer um nome, ficamos corados com um encontrão acidental no corredor do Liceu ou porque apenas nos dizem que "alguém" perguntou por nós.

Há 11 anos ia tendo um colapso cardíaco por um abraço. Não me lembro do dia. Só sei que era Janeiro e nessa Sexta-feira dormi em casa da minha melhor amiga. Dormir é força de expressão porque ela coitada ficou a ouvir-me a noite toda a dissecar daquela forma obsessiva em que sou expert todo e qualquer detalhe daquela tarde.

Bem, e o abraço também não foi abraço foi um "convite" para um abraço, a que respondi com idiotices gaguejadas (sei que falei no Dexter ou Cow & Checken). Durante 11 anos (onze, onze, onze) senti-me absurdamente idiota por algum dia me ter sentido assim. E por ter reagido assim. E no fundo por aos 15 anos ter agido como quem tem 15 anos.

Bem, e agora tenho saudades de ter 15 anos outra vez e de ser idiota e de ficar corada só porque me pedem um abraço.

Numa bolha

Quando não queremos saber a resposta, o melhor é mesmo não perguntar. No passado fim-de-semana (ah como eu embirro com os hífens desta palavra!), encontrei um ex-colega a quem perguntei "o que tens feito". Como resposta levei um chorrilho descritivo dos últimos 5 anos de (desinteressante) vida do rapaz. No Lux. Ou seja, levei uma seca muitos décibeis acima do que seria humanamente tolerável.

Hoje perguntaram-me "o que tenho feito". Respondi: "Estou numa bolha". E expliquei, resumidamente, que evitava escolhas e estava em negação para tudo o que fosse real. Pareceu surpreendida. Mas como não disse mais nada acredito que a salvei de apanhar uma seca em oito actos.

Everywhere

Passo a vida a encontrar bocados da minha vida que cirurgica e inconscientemente amputei.

Monday, January 15, 2007

But then again...

Her skin is white cloth,
And she's all sewn apart
And she has many colored pins
Sticking out of her heart.

She has a beautiful set
Of hypno-disk eyes,
The ones that she uses
To hypnotize guys.

She has many different zombies
Who are deeply in her trance.
She even has a zombie
Who was originally from France.

But she knows she has curse on her
A curse she cannot win.
For if someone gets
Too close to her,

The pins stick farther in.

Voodoo Girl, Tim Burton

Norman Bates e o Síndrome da Cinderela


Há uma cena no filme "When Harry met Sally" em que o Billy Crystal (Harry) explica a uma ainda desplastificada Meg Ryan (Sally) que o problema entre homens e mulheres reside na distância entre 30 segundos e a noite inteira. Segundo Harry, as mulheres gostam de ficar abraçadas ao seu amante uma noite inteira, enquanto os homens preferem dar de frosques ao fim de 30 segundos.

O mal, digo eu, é que há quem não desgrude ao fim de 30 segundos. Devia ser possível flirtar, conquistar e depois puff... voltar tudo ao normal, como nada se tivesse passado. Mas não. Há sempre o trocar de números e um sem número de inconsequentes e (i wonder why) boicotadas tentativas de marcar um date.

Tenho para mim que há duas fases nas relações em que é difícil ser 100% honesto. Logo no início e mesmo no fim. No princípio tentamos não ser crueis para no fim (se for um fim for real) acabarmos com uma crueldade que também não sentimos.

A questão complica-se quando o princípio e o fim se situam num espaço de algumas horas.

Por isso, não, coitado, ele não tinha nada de "Norman Bates", nem de psico. Era até amoroso. Só alguém amoroso nos convida para tomar chá. Talvez que desta vez eu devesse ter ignorado a forma como volta e meia decido ser a Cinderela e desaparecer (foi uma fuga) às 6h30 da manhã.

Comentário fútil e no entanto pertinente


Eu sabia que ia gostar de um guarda-roupa idealizado por alguem chamado Mago.

Claro que vou precisar de ver o Persona pelo menos mais duas vezes para conseguir construir algo que se assemelhe a uma teoria sobre o mesmo. O que é o mesmo que dizer que adorei o filme. Só foi pena a Gulbenkian estar cheia de tuberculosos cinéfilos - tenho para mim que alguém perdeu um pulmão enquanto via o filme. (e juro que alguém se assoava em tom de trompete).

Sunday, January 14, 2007

Confiança Marshalliana

A auto-confiança tem muito de marshalliana. Depende inteiramente do equilíbrio precário entre a oferta e a procura.

Estatística

Tenho uma queda por olhos escuros. Uma queda que não é estatisticamente demonstrável.

Esta noite a Gulbenkian fez uma directa, permitindo-me fazer uma coisa que jamais havia ousado sequer sonhar fazer. Saí do Lux, para ir ver a (magnífica) obra de Amadeo Souza-Cardoso.

aqui falei da minha paixão por visitar museus à noite. Ontem não foi excepção, com o prazer adicional de ver um dos meus artistas portugueses preferidos.

Uma iniciativa que adorava que se repetisse.

Musicólogo

És querida,
És doce.

E eu gosto.

Friday, January 12, 2007

Valor Cambial

Não suporto ser trocada em nome da fragilidade de outrém.

Vingança

Sempre que perco ou me chateio, sou invadida por sentimentos de vingança. Nada de sangrento, apenas qualquer coisa sadicamente dolorosa e humilhante.

Mas nunca cumpro nenhum dos meus milhares de planos maquiavélicos. Acho que sou preguiçosamente boa.

Opá...


O Tom Sawyer já está em DVD.

Thursday, January 11, 2007

Ateísmo

Há estrelas de primeira, segunda e mais grandezas, outras cuja classificação é difícil de fixar e ainda outras que os sábios estão por descobrir. Muito parecido com o que se passava com as pessoas. Se houvesse só uma estrela no céu,os homens matavam-se todos uns aos outros cá em baixo. Foi preciso prometer-lhes que havia uma para cada um.

José de Almada Negreiros, in Nome de Guerra

Mas uma estrela é uma estrela. E há noites em que as estrelas são todas iguais.

Eperiência

Dizem que o sorriso é uma dádiva sem custos e que apenas traz benefícios. Há pouco tempo (esta semana) resolvi aplicar este princípio economicista à minha relação com o mundo. Ou seja, resolvi fazer do meu sorriso um bem gratuito. Sorri a todos os que comigo se cruzaram no percurso de minha casa ao meu escritório, sorri a todos os que se cruzaram comigo no escritório e sorri a todos os que por mim passaram no regresso a casa.

Tirando meia dúzia de crianças, ninguém me sorriu de volta. No escritório, ninguém reparou (acho que sou habitualmente sorridente), mas o Mundo achou, simplesmente, que eu estava louca.

E um senhor de meia idade cumprimentou-me com dois beijinhos na Fontes Pereira de Melo. Acho que nunca o tinha visto. Acho.

Confusão

Faz-me espécie esta coisa de estarmos sempre a tentar melhorar o nosso look (emagrece, faz ginástica, corta o cabelo, faz uma plástica), sem que sinta ninguém a tentar melhorar o carácter.

Wednesday, January 10, 2007

Purgatório

(...)
E Deus disse ao Homem:"Porque não te posso mandar para o Inferno? Dá-me uma razão."
"Porque no Inferno vivi eu sempre"retorquiu o Homem.
E fez-se silêncio na Casa do Juízo Final.
Após uma pausa, Deus falou e disse ao Home:"Vendo que assim é, não te poderei enviar para o Inferno; com toda a certeza que te entrego ao Céu. Justamente ao Céu te envio."
E o Homem gritou: "Não podes fazer isso."
E Deus disse ao Homem: "Porque não te posso mandar para o Céu? Dá-me uma razão."
"Porque nunca, em lado nenhum, eu fui capaz de o imaginar."
E fez-se silêncio na casa do Juízo Final.

Oscar Wilde, A Casa do Juízo Final, in Poemas em Prosa

Paixão

Embora esteticamente tenha uma preferência por formas e conceitos apolíneos, considero que vida não é vida sem paixão. Nem tão pouco vejo a paixão da forma habitualmente redutora, limitada às vivências românticas. Aprecio todas as formas de paixão e quanto mais irracionais, mais cheias de ilusões, suor e veias latejantes, melhor.

Costumo nutrir algum desdém por aqueles que seguem religiosamente o caminho por eles mesmos tracejado (esquizofrenicamente, admiro-os também) sem se deixarem levar jamais por paixões ocas mas que arrepiam a alma e nos fazem sentir o sangue borbulhar.

Pensar que os calados e tímidos são isentos de paixão é um erro. Em tempos também fui calada e tímida e, garanto-vos, nunca a minha alma foi tão atormentada por paixões assolapadas da mais variada espécie. Na adolescência não há, nem deve haver, meio termo.

Por isso gosto de ouvir a minha Avó falar da sua juventude. Também ela um dia foi calada e tímida. Também ela agora fala pelos cotovelos, com a cadência acelerada de quem não sabe sentir a meio gás, de quem põe a alma ao serviço dos sentidos, do corpo, e recusa a humanidade como dual, abraçando a sua condição de ser uno e completo. As paixões conduzem-nos, inavariavelmente, a erros. Falar sobre eles é reduzi-los à condição de passado genealógico da nossa personalidade de hoje.

Falar, ouvir o som confuso e rápido da própria voz expulsando paixões a uma velocidade frenética de um tempo que não é tempo é entendimento. Falar uma linguagem que é a de quem vive e respira e sente sem desprezar nem corpo nem alma. Aplicar este princípio a tudo é muitas vezes desgastante, cansativo. Um caos.

O Kaos.

Mas o kaos de som, de palavras freneticamente lançadas no ar, parece-me um mimetismo a um tempo fiel e absurdo do estado de alma que as paixões provocam.

Tuesday, January 09, 2007

Contradizendo o Poeta

kisses are a better fate
than wisdom.

e.e. cummings

Pois, mas para este ano pedi mais sabedoria.

Monday, January 08, 2007

Respirar

Como quem nasce segunda vez, saí do casulo tépido e desordenado de sonhos e edredons para as ruas frias onde os raios de um sol pálido de Inverno lentamente de espreguiçam.

Saturday, January 06, 2007

Paris Je T'Aime


Sempre que fui a Paris, não gostei da cidade. Por estranho que pareça gosto muito mais da cidade em filme do que ao vivo. É estranho, mas é assim. Reconheço a beleza de Paris. Mas quando lá estou sinto-a sempre cinzenta, fria e triste - mesmo em Agosto. É como se quando lá estou, Paris fosse emocionalmente asséptica.

No filme Paris Je T'Aime podemos ver 12 bairros parisinos pelos olhos de 12 realizadores e através de 12 histórias de amor. De amores adolescentes a amores maduros, amores reais e surreais, amores de sangue. Paris é o cenário de todos estes detalhes, estes apontamentos, estas histórias anónimas que constroem as grandes cidades. Há histórias boas e histórias más - são mais as boas.

Mas o filme despertou-me a vontade de voltar a Paris.

Wednesday, January 03, 2007

O peso do conhecimento...


ia-me partindo a cabeça. foi bom em 2006 ter, pelo menos, arrumado a minha mesa de cabeceira. como se isso fosse um primeiro passo para arrumar a cabeça.

2006

posso dizer que chorei. posso dizer que ri. que me diverti, que fiquei dep, que inventei depressões para me obrigar a divertir ainda mais. que me magoei, que magoei outros, que me preocupei com isso e que caguei para tudo e para todos e até para mim. ouvi boa música e li bons livros e perdi tempo com pseudo-sucessos, notas já usadas, batidas aborrecidas e frases feitas. dei beijos mornos e doces debaixo de chuva gelada e beijos que são enganos feitos de sono, de álcool e alguma estupidez. esqueci finalmente quem me ocupava bytes de mim mesma sem razão, bytes de peter pan e bytes amargos de limão gelado que em dias de sol sabe bem. vivi Lisboa uma e outra vez. vi o sol nascer junto ao tejo enquanto falava do nada e de todas as coisas que vagueiam em mim. passeei pelas ruas largas da Baixa, deixando que a luz branca desse côr aos caminhos negros por que me perco em mim. lanchei no jardim da estrela em tardes quentes e abafadas de um tempo que não volta a ser o mesmo. ri que nem uma perdida e como quem está perdida debaixo de um temporal achada no riso de um quiosque no canto do jardim do príncipe real. vi em campo de ourique as caras cada vez mais velhas que são as caras anónimas com que sonho, quando a mente procura memórias inócuas para descansar. desiludi-me uma vez apenas e acreditei vezes sem conta.

Às vezes fácil, às vezes difícil, mas nunca impossível. É o meu lema para 2007.
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