Tuesday, April 24, 2007
Sunday, April 22, 2007
Angel
Na minha primeira saída depois do "acidente", marquei presença no Indie (depois de me chamarem "indiezinha nojenta" não podia faltar). Gostei de Angel porque o vi como uma sátira a muitas coisas. Aos romances cor-de-rosa que no início do século vendiam milhões, aos dramalhões romanticos que enchiam as salas de cinema na primeira metade do século passado. Angel é uma heroína com uma imaginação extraordinária. Uma heroína nos seus próprios sonhos que se recusa a abandonar. A mim, que tenho tempo para estas coisas, o filme deixou-me a pensar sobre o que fazer com os nossos sonhos, até que ponto "dourar a pílula" é uma coisa saudável. Angel é uma optimista que a certa altura se afasta, muito para lá do aceitável, da realidade que a rodeia. E quando evitamos a realidade a todo o custo, quando ela finalmente nos apanha, o choque é estrondoso e assustador.
Egoísta
When so many are lonely as seem to be lonely, it would be inexcusably selfish to be lonely alone.
Tennessee Williams
Tennessee Williams
Saturday, April 21, 2007
Shopping
Sempre que estava triste, a minha mãe comprava-me um presente. Na maioria dos casos, não eram grandes coisas, eram pequenos mimos acompanhados de uma festa na cara, beijinhos e um tempo de mata-mágoas passado naquele colo onde todas as angustias se esbatiam. Desde que, por obra e graça sei lá bem de quê, foi decidido que deveria sobreviver sem as festas, os beijinhos e, sobretudo, sem o colo, que sempre que deprimo compro um ou outro "mimo" pour moi (uma tequila night também costuma ajudar).
Ora bem, desta vez a causa da depressão é a mesma que me impede de sair por aí em busca de artigos que consolem esta pobre alma votada a um mundo de difícil mobilidade. Felizmente tenho plena confiança na minha pequena irmã e, hoje, em desespero de causa, entreguei-lhe o meu cartão e pedi-lhe que fizesse umas comprinhas para mim.
Tenho o roupeiro cheio de coisas novas e um sorriso de orelha a orelha.
Quem disse que o consumismo não fazia bem ao espírito?
Ora bem, desta vez a causa da depressão é a mesma que me impede de sair por aí em busca de artigos que consolem esta pobre alma votada a um mundo de difícil mobilidade. Felizmente tenho plena confiança na minha pequena irmã e, hoje, em desespero de causa, entreguei-lhe o meu cartão e pedi-lhe que fizesse umas comprinhas para mim.
Tenho o roupeiro cheio de coisas novas e um sorriso de orelha a orelha.
Quem disse que o consumismo não fazia bem ao espírito?
Friday, April 20, 2007
Thursday, April 19, 2007
(un)Happiness
A minha irmã queixava-se hoje que ninguém "está bem". As pessoas inventam e concentram-se em pequenos detalhes para fazerem das próprias vidas pequenos infernos. Aos estranhos respondemos sempre um "estou bem" e aos próximos sobrecarregamos com pequenos nadas que nos impedem de gritar "sim, sou feliz". Acho mesmo que nos dias que correm a infelicidade é um hype. Somos unânimes em admitir que um primeiro-ministro pode nem ter a 4ª classe, mas Deus nos livre de ter um primeiro-ministro feliz. O que seria o Sócrates dizer "os meus filhos são saudáveis, a minha mãe está viva e tenho o emprego que sempre quis. Sim, sou um homem feliz". Imagino até o Marques Mendes, em cima de um banquinho, a fazer discursos às massas, indignado com tamanha felicidade.
Chateia-me esta coisa de que é "fixe" andar no psicólogo/psiquiatra. De que as pessoas sofridas são mais interessantes, que têm mais conteúdo. Se alguém gritar que é feliz é internado por louco. Talvez, parece-me, seja melhor viver nessa loucura consciente que nesta lucidez de infelicidade inútil que invadiu as ruas da minha geração.
Segundo o Google, o caracter chinês da imagem acima simboliza a felicidade
Wednesday, April 18, 2007
Tuesday, April 17, 2007
Gaja
Depois de saber que ia estar mais uma semana do que o previsto com gesso, fui cortar o cabelo. Nada como uma hora de conversas fúteis e cadeiras de massagem para animar uma gaja... Podem tirar-me a mobilidade, mas a minha natureza nã muda.
Monday, April 16, 2007
Sunday, April 15, 2007
Rotinas
O ser humano é um animal de hábitos. Tudo se torna fácil, depois de tornado hábito. Até tomar duche com uma protecção ridícula e azul numa das pernas. Hoje até voltei a dançar enquanto lavava a cabeça (estou claramente a habilitar-me...).
Estava a dar Outcast.
Estava a dar Outcast.
Booty Call IV
Não há nada pior para um ingénuo, que não o quer ser, do que ser o último a perceber a anedota.
Thursday, April 12, 2007
Hair Style
Sempre admirei mulheres capazes de terem o cabelo sempre penteado. Mulheres capazes de dominar essa mole revoltosa de individuos irrequietos. Como a Grace Kelly. Em How to Catch a Thief anda para lá às voltas a abrir num carrinho descapotável, sempre com um cabelo penteadíssimo. E isso é coisa que nunca vou conseguir fazer.
Perfeito
Visto através de uma janela quando estamos enclausurados em casa, o azul do céu tem sempre o mesmo tom: perfeito.
Wednesday, April 11, 2007
A série
Por um lado é quase uma versão masculina de Sex & the City. Porque se o segundo é feito de Manolos e fofocas dissecadas durante um sofisticado brunch, o primeiro é feito de gajas boas aspirantes a actrizes e casas decoradas com ecrãs plasma e Playstation. É uma série deliciosa. 4 amigos de Queens à solta em Hollywood depois de um deles se tornar na movie star do momento. Tão possível como engraçada. Recomendo.
Saturday, April 07, 2007
Pulso
Tenho o pulso nu. E de toda a nudez de que os últimos dias foram feitos esta é a que mais me constrange. Em quase seis anos foi a primeira vez que me vi obrigada a tirar aquela pulseira. E se não chorei com as dores, nem quando me disseram que ia ser operada, nem quando soube que ia estar seis semanas de gesso, nem nas missas, nem quando vi o caixão pela primeira vez, no instante em que me disseram que tinha mesmo de tirar ou cortar a pulseira as lágrimas cairam. Durante uma hora. Caíram apenas, que nem choro foi.
No banco IV
Vou andar seis semanas de gesso. Seis semanas sem poder fazer as coisas de que gosto, ou as coisas que me "aguentam". Tenho seis semanas para inventar pastiches que não me deixem ficar dep. A avaliar pela primeira semana, que até foi acidentada, vão ser seis semanas não muito agradáveis.
No banco III
Quando ouvi "Joaninha tens mesmo de ser operada" pensei mesmo que era o ser mais azarado do Mundo e arredores. Durou duas horas. Até chegar ao corredor das urgências. Quem quer que seja que decide sobre a sorte e o azar no Mundo e arredores é um ser sádico mas que, de uma forma ácida, deve gostar de mim.
No banco II
No hospital somos frágeis como cristal fino. Não porque estamos a precisar de arranjo. Escangalhados. Mas porque ganhamos uma distância do nosso corpo. Ele deixa de ser inteiramente nosso, para estar à mercê de médicos, enfermeiros e auxiliares. É só o corpo. E porque vazio de espírito fica frágil. Tão frágil.
No banco
É a quarta vez que me sento em frente ao teclado sem saber o que escrever. Ser operado não é o fim do mundo, nem tão pouco um drama. E eu sei que há quem morra de fome na Etiópia. Nem sequer é a pior coisa que me aconteceu. Foi talvez a mais chata. Tenho duas placas e sete parafusos a segurarem-me o perónio e um ligamento cosido à mão. As dores são chatas, mas não muitas e esta noite consegui dormir relativamente bem. Chateiam-me as seis semanas que tenho à minha frente. Seis semanas em que vou ficar no banco.
Monday, April 02, 2007
O Castigo
A pequena consciência cristã amedrontada que habita as profundezas do meu ego, cresceu de forma assustadora este fim-de-semana. Depois das heresias abaixo, Deus castigou-me destroçando-me os ligamentos do tornozelo. Gesso durante um mês já ninguém me tira. E ainda estou para ver se não tenho de ir à faca. Heresias sim. Na Semana Santa é que não. Amén.